O Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos e Ibaté, pensando na prevenção do suicídio, já que estamos no mês Setembro Amarelo, traz a entrevista com o Psicólogo Juvanildo Rios, no qual explica que o suicídio é um fenômeno complexo, que envolve diversos fatores e pode afetar qualquer pessoa.
Acompanhe a entrevista e saiba como identificar os sinais.
Quais fatores que levam a pessoa ao suicídio?
Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 1 milhão de pessoas tiram a própria vida todos os anos no mundo.
É muito difícil compreender o que leva uma pessoa a cometer o suicídio, comparando pessoas em situais similar que não o fazem. Sabemos que existem fatores emocionais, psiquiátricos, religiosos e socioculturais. São um conjunto de fatores que levam a compreensão sobre a questão da vida, o sofrimento que essa pessoa carrega, e a busca da morte; podemos citar alguns exemplos: Perda de emprego, brigas na família, depressão, esquizofrenia, uso abusivo de drogas, alcoolismo, doenças crônicas físicas e mentais que causam dores intensas, isolamento social, conflitos em torno da identidade de gênero, dentre outros.
Há algum padrão?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, nas últimas quatro décadas o suicídio cresceu de maneira significante em todos os países, envolvendo todas as faixas etárias e vários contextos socioeconômicos. O suicídio acontece com maior frequência nos grupos de adolescentes e adultos jovens, a adolescência e a juventude são fases em que o indivíduo define sua ocupação, sua profissão, escolhe seu parceiro para viver. Seguido por idosos acima de 65 anos e que vivem sozinhos, pessoas com doenças crônicas que provocam dores constantes e doentes psiquiátricos. Podemos dizer que o comportamento suicida é uma tragédia pessoal e familiar, tornando um problema de saúde pública.
Como o suicídio pode ser trabalhado?
Classificado pelo Código Internacional das Doenças (CID-10) como morte violenta causada por causas externas, isto é, morte não decorrente de doença. No âmbito da Psicologia Clínica, o trabalho deve partir da análise de causas e motivações internas causadores do suicídio, geralmente situações de muito sofrimento vividas pela pessoa. Quando ocorre algo no presente que dispara um sentimento devastador capaz de provocar um suicídio, é geralmente porque ele reedita uma situação anterior de sofrimento, potencializando-o e tornando intolerável o momento atual. Tais situações passadas precisam ser reconstruídas sentidos novos, e o tratamento deve possibilitar que o desejo de morte, dê lugar ao desejo da reconstrução, dando a pessoa a vida que lhe foi escondida pelo sofrimento. A partir daí, a pessoa possa encontrar outras formas de expressar seu sofrimento, que não no ato suicida, dando um novo sentido à vida, uma vida na qual exista lugar para sonhar. Podemos dizer que a pessoa não quer se matar, quer, antes, eliminar a dor, diminuir o sofrimento, e por isso, busca um método que a leva a morte.
Quais são os principais distúrbios relacionados à pratica do suicídio? Como familiares e amigos podem identificar alguém que pense em cometer suicídio?
Segundo o Ministério da Educação, a grande maioria dos suicídios estão relacionados a transtornos mentais. Dentre eles, a mais associada é a depressão, seguindo dos Transtornos Bipolares, transtornos relacionados ao uso abusivo do álcool e drogas, a Esquizofrenia, e os Transtornos de Personalidade.
Existem sinais que não são levados em consideração, às vezes, por serem repetitivos, familiares e amigos acreditam ser para chamar a atenção. Devemos ficar atentos para falas como: “quero me matar”, quero morrer”, “vou cometer suicídio”, “estou muito cansado (a), não quero continuar”. Comportamentos como: Isolamento, Desinteresse pelas atividades que normalmente gosta, Mudança brusca na alimentação, Insônia ou Sonolência o tempo todo e Agressividade.
Possibilitaremos dar espaço para as pessoas falarem, abordando-as com uma postura acolhedora, segurar julgamentos, perguntar como elas estão se sentindo, o que está acontecendo, e identificando que a mesma não está legal, incentivar a procurar ajudar profissional, podendo se oferecer a ir junto.
Para finalizar, é possível prevenir o suicídio?
A prevenção do comportamento suicida deve começar na família. A família precisa estar aberta para ouvir, incentivar a inserção em projetos culturais do bairro, a manutenção e a busca de novos amigos, a cursos profissionalizantes, a pratica de esportes, auxiliar na busca de profissionais de saúde em geral, e a saber lidar com a morte, por acreditar que os filhos pequenos não têm recursos psíquicos para encarar a situação, a família esconde o assunto. Seguido da família, a escola deve trabalhar com as crianças questões sobre a valorização da vida, a fraternidade, a harmonia, e o respeito são elementos que trabalhados de forma correta, preparam as crianças para enfrentarem as dificuldades.
O comportamento suicida pode ser prevenido e, para isso, um planejamento e a criação de programas envolvendo profissionais qualificados são necessários. A comunidade, evidentemente, deve ser inserida em tais programas. Podemos também incluir voluntários que desenvolvem algum tipo de trabalho nos bairros, igrejas e ONGs. A prevenção do comportamento suicida é um desafio não só da psicologia, mas de toda a sociedade, por ser um desafio social, econômico e político.
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